segunda-feira, 19 de setembro de 2011

PIBIC 2011/2012 O Brasil num mundo em Guerra

O aluno Celso Ricardo, do 2.o período de História, turno manhã, teve seu projeto de pesquisa selecionado para desenvolver seus trabalhos de iniciação científica sob a orientação do prof. Wilson Maske. O aluno também foi contemplado com uma bolsa da PUCPR para desenvolver os seus estudos. Segue um resumo de seu projeto.

O BRASIL NUM MUNDO EM GUERRA: A VISÃO DE LAURO MÜLLER SOBRE O PAPEL DO BRASIL NO CENÁRIO INTERNACIONAL (1912-1917)



O objeto da presente proposta de plano de trabalho se relaciona com o papel que Lauro Müller desempenhou à frente do Ministério das Relações Exteriores, no período de 1912 a 1917, e sua visão acerca do papel desempenhado pelo Brasil no cenário internacional no início do século XX. O objetivo se relaciona principalmente em verificar os postulados que norteavam a ação de Müller como chanceler, responsável pela condução da política externa do Brasil. Esses postulados devem explicitar a visão, as perspectivas e convicções que Lauro Müller, tinha em relação à posição do Brasil na América e no Mundo, como um todo.



Após a Proclamação da República, houve uma mudança estratégica na condução da política internacional do Brasil, que privilegiava uma aproximação mais intensa com os parceiros do continente americano, em especial com os Estados Unidos e com a Argentina, com o objetivo de diminuir a dependência que o país tinha em relação à Grã-Bretanha, no que concerne à área comercial e financeira. Procurava-se ampliar a pauta de parceiros políticos e comerciais brasileiras para possibilitar ao país mais espaço de manobra, frente aos grandes desafios que a sociedade internacional do final do século XIX e início do XX apresentava, em relação às intensas transformações políticas, econômicas e sociais, motivadas pela Revolução Industrial e pelo imperialismo dos países centrais.



No final do século XIX, a aproximação com os vizinhos era bastante interessante do ponto de vista geopolítico, pois produziria uma maior segurança física e possibilitaria que o Brasil começasse a consolidasse sua posição de potência média regional. Por outro lado, nossos vizinhos, pouco desenvolvidos do ponto de vista econômico, não tinham condições de substituir os países europeus como principais consumidores de nossos produtos de exportação. Aliás, eles eram concorrentes na exportação de algumas de nossas principais exportações. Em função disso, pareceu mais sábio aos formuladores de nossa política externa no início da Primeira República, manter as relações tradicionais com os países europeus. Entre estes países, destacava-se cada vez mais o Império Alemão, que principalmente a partir de 1890, começou a colocar em prática uma política externa mais agressiva, principalmente em função de seu espantoso crescimento industrial, que demandava mais fontes de matérias-primas, mais mercado consumidor e oferecia grande quantidade de capitais para investimento. Neste sentido, a Alemanha se tornou uma verdadeira ameaça para os interesses econômicos e políticos de duas outras grandes potências mundiais do período: a Grã-Bretanha e os Estados Unidos. De fato, a Alemanha com sua agressiva política de ampliar sua marinha mercante, sua marinha de guerra, suas posses coloniais e seus mercados consumidores, representava a maior ameaça aos interesses econômicos ingleses desde a eclosão da Revolução Industrial.



Ao que parece, a diplomacia brasileira percebeu claramente este atrito que se avizinhava e pretendia tirar vantagem desse confronto, com o objetivo de agregar mais espaço de manobra para sua própria política externa, mas também agregar mais poder de barganha nas negociações com seus parceiros, assim como mapear alternativas para fornecedores de capitais, que possibilitassem um maior desenvolvimento econômico brasileiro. Isto, no entanto, não impediu que o Brasil entrasse na Primeira Guerra Mundial ao lado dos aliados, contra o Império Alemão, ainda que este fosse um importante parceiro comercial do Brasil.



Nesse sentido, é de grande importância para o estudo da política externa brasileira no início da Primeira República, a investigação e análise da perspectiva que Lauro Müller tinha do papel do Brasil frente à sociedade internacional nos anos iniciais do século XX e durante o período da Primeira Guerra Mundial. Isto permitirá compreender a ação dos formuladores da política internacional, seus objetivos e metas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário