segunda-feira, 12 de setembro de 2011

PIBIC 2011/2012 SALÕES FRANCESES DO SÉCULO XVIII: ESPAÇOS DE SOCIABILIDADE E PODER FEMININO


Salões franceses do século XVIII: espaços de sociabilidade e poder feminino è o trabalho de pesquisa aprovado para PIBIC da aluna Tayana. Ela é também orientanda da prof.a Maria Cecilia Pilla e tem bolsa da PUCPR para desenvolver suas pesquisas. Segue um resumo.

 
A habilidade de decifrar, de ler o grupo de pessoas e os gestos que as compõem é valorizada desde a Antiguidade, já nessa época relacionava-se o exterior das pessoas com seu interior. E na sociedade de corte, ou na prática da vida mundana dos séculos XVI ao XVIII procurou-se constantemente perceber o invisível, o oculto, a partir daquilo que se deixa à mostra: gestos, maneiras, vocabulário, formas de comer, cumprimentos, mesuras, e por aí vai. Ou seja, é a leitura do todo, em cada contenção, deferência; em cada palavra exposta, omitida; há um significado a ser decifrado.



Quando a sociedade absolutista de corte passou a se consolidar, com as transformações das relações do poder social, a nobreza passou a depender do rei, pois com a monopolização militar e econômica a função  do  guerreiro  livre  foi  desaparecendo.  Com a crescente integração monetária, a produção das propriedades dos guerreiros não era capaz de lhes proporcionar uma vida  rica e mantê-los como classe superior. Para isso passaram a depender dos favores  do rei, e só a vida na corte podia lhes proporcionar tal prestígio e distinção social. 




A vida nessa sociedade exigia o domínio de si e a construção de uma imagem. O saber falar, se exprimir bem, vestir-se adequadamente, comer com mesura, saber apreciar a arte, qualificava o homem, construía o que chamavam de “homem honesto”. Ora, na corte ou fora dela, entre os grupos nos salões, saber comportar-se é vital para as relações humanas. Os gestos têm um papel importante na construção da imagem que faz homens e mulheres comme il faut. O saber, o talento, as virtudes, o bom gosto, mostram-se através de sinais externos reconhecíveis. Determinadas posturas ou gestos são capazes de revelar o status, o lugar que o indivíduo ocupa na sociedade. 



Na França do século XVIII, os salões constituíam um dos raros espaços de liberdade onde as mulheres podiam exprimir-se, mostrar-se, conversar. Nesse período, esse é um lugar misto, e nele não podem existir proibições religiosas ou sociais. Os filósofos e os moralistas, os “homens honestos” por aí circulavam em meio a um grande esforço de educação, quase um esforço “civilizatório” pela erudição. Aí é necessário moderar os instintos e dominar as expressões.




Os salões que proliferaram no século XVIII por toda parte, em especial por Paris, são por vezes designados pela palavra “conversação”. Nesses ambientes o domínio dos gestos e das palavras é fundamental, e a figura das anfitriãs dá o tom das conversas, devem ser elas as grandes propulsoras dessas atividades de sociabilidade pedagogicamente polida.

O objetivo da presente pesquisa é reconhecer os salões franceses como espaços de exercício de poderes femininos de sociabilidade, principalmente no que concerne ao desempenho do domínio da arte da conversação no contexto histórico da França Iluminista do século XVIII. 

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